Eu me chamo Filipe Augusto Carvalho, e hoje vim contar minha história. Assumi minha homossexualidade aos meus pais, e eles trataram como se estivesse doente, me isolaram do mundo... 

   Era espancado pelo meu pai, enquanto minha mãe via e se calava. Tive coágulos de sangue na cabeça, o medico disse que sairia com o tempo fiquei com hematomas por mais ou menos uns dois meses e marcas de cicatrizes que não saem mais. Um dia perguntei a minha mãe se ela achava certo ele me espancar, e ela respondeu que se fosse para eu me CURAR, ele poderia me bater quantas vezes fossem necessárias.

    Não tinha amigos, e na escola, era motivo de chacota por ser “gay”.  O que mais me entristecia era saber que eu estava sozinho e que tive que encarar o preconceito de uma forma que eu jamais pensei, a ponto de eu ter que simular um namoro com uma mulher para não apanhar na escola.  Eu apenas me cansei de brigar e/ou debater com minha família e as outras pessoas a respeito do que eu sentia então eu fugi de casa com apenas 40 reais.

   Era madrugada e a única certeza que eu tinha, era que amanha seria tudo diferente. Os dias foram passando e eu fui me adaptando a essa fase. Tiveram dias que passei fome e o que me restava era dormir, pois assim pelo menos eu esquecia...  Às vezes eu fechava os olhos e começava a imaginar como seria minha vida se eu não tivesse nascido com esse sentimento. Hoje falo com meus pais, mas algumas dores não são esquecidas. Enfrentei o preconceito, porque apesar da raça, cor, orientação sexual, nós somos todos iguais. Eu então resolvi deixar de lado o medo e mostrar que independente do que eu sentia ou fazia eu deveria estar feliz comigo mesmo, não adianta querermos ser o que não somos.

 Eu não desisti e hoje tenho meu trabalho, minhas coisas e um companheiro. A vida nem sempre é fácil, mas com força, fé e foco agente chega lá.