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Venci a batalha, venci a guerra...

   Meu nome é Mayracy, tenho 16 anos. Bom, minha história é meio pesada, nem sei por onde começo, mas vamos lá. Tudo começou na minha infância, eu sofria abusos sexuais dos meus 5 à 11 anos, pelo namorado da minha mãe.  Eu diria na verdade que minha infância foi um verdadeiro inferno. Enquanto outras crianças estavam correndo na chuva, eu passava o tempo todo trancada, sofrendo. Minha vida foi um verdadeiro sofrimento.
     Algumas pessoas me perguntavam, porque não contei nada para minha mãe, desde o começo, a verdade é que eu era ameaçada... O tempo passou e chegou um dia em que suspeitaram o que ele fazia comigo. Minha mãe achou meu comportamento estranho, e me pressionou para que eu contasse a ela o que estava acontecendo, eu senti tão sufocada e com medo, que acabei desabafando com ela. Falar sobre essa violência era terrível, mais eu não precisava sofrer sozinha, e tinha pessoas que me ajudariam a carregar o peso.
     Um dia, quando cheguei em casa, encontrei minha mãe chorando, perguntei a ela o que estava acontecendo, ela me disse que tinha jogado tudo na cara dele tudo o que ele fez comigo, e eu estava lá, parada e fria, não derramei nenhuma lagrima sequer. Eles se separaram, e o tempo passou, eu já estava com 14 anos, e mesmo com todo sofrimento, consegui levar uma vida normal, ou pelo menos estava tentando ser, mas havia algo dentro de mim que pesava. Foi quando descobri que minha mãe tinha viajado com aquele homem, o homem que me violentou.
    Como ela foi capaz, depois de tudo que ele fez comigo? Considerei aquele ato pior que os abusos que aquele homem cometeu. Chorei horas e horas trancada no quarto, tive vontade de fugir de casa, pra muito longe dali, mais a dor ia me seguir aonde quer que eu fosse, então resolvi que a melhor solução era me matar. Mas algo não permitiu que acontecesse. As pessoas dizem que eu sou boba em continuar na casa da minha mãe, eu não sinto amor por ela, mais ela é a minha mãe e sempre será independente do que faça.
    Ano passado eu resolvi ir a um acampamento, de adolescentes da igreja, mas não estava animada, mas vi que poderia servir como uma ajuda. Eu era fria, e sentia ódio, não gostava de nada nem de ninguém, eu vivia um inferno dentro da minha alma, e ninguém via. No acampamento eu senti uma sensação ótima, via espíritos ao meu redor, muitas coisas aconteceram ali naquele lugar, até que resolvi renovar meu espirito, antes parecia que era o próprio mal me indicando um caminho. Mas quando acordei estava em outra vida, me sentia leve, uma outra pessoa.  Eu acredito que vivi duas vidas, a primeira vida que vivi era o próprio inferno, e a segunda, eu vivo sem medo, sem pressa e sem ódio.
   Eu acredito que lutei com punhos amarrados, mais eu venci a batalha, venci a guerra. Hoje eu reparo até nas coisas mais simples, espero para ver o que o mundo tem a me apresentar para me surpreender. A vida tem seus autos e baixos, eu caio, levanto e sacudo a poeira, sigo em frente, sei onde estive, onde estou e onde estou indo. Aceito os obstáculos de cabeça erguida, porque sei que tudo um dia passa, e por isso eu não desisto, por isso não paro.
 

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